segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Olhando profundamente o semblante insípido da atual geração me frustro e me enojo incessantemente. Por mais distintos e variados que sejam os prismas vislumbro o mesmo preocupante ângulo. Num futuro não muito distante...

O que sobrará?

Honestamente. Existe no mais profundo emaranhado da humanidade, réstia de esperança? Não quero parecer pessimista, velho, chato ou pedante, mas o que nos sobra? O que temos de valioso, em termos de luta e conquista?

Estão nos privando de toda, qualquer e solitária liberdade. Liberdade em seu estado bruto. Liberdade no viver, no agir, no falar, no ver e ouvir. Liberdade conquistada! Puramente. Não a liberdade vazia do “direito de escolha”, gritada por vozes que sequer conseguem levantar-se do sofá.

Foram plantadas sementes ocas, em um solo queimado, sujo e cansado. Brotam espécimes diferentes e absolutamente semelhantes simultaneamente. Fracas, imunes e coagidas. Um jardineiro cruel.

Observe. Você não escolhe o que come. Você não escolhe o que veste. Você não escolhe o que pensa. Você não escolhe o que ouve. Você não escolhe seu candidato. Você não escolhe seu programa favorito. Você não escolhe sua mentira, muito menos sua verdade.

Você é resultado do enorme bombardeio informativo que confunde até os mais atentos. Você é conseqüência de anos de controle sociológico. Você é um cavalo fraco, que ruma sem destino guiado apenas pelo tímido horizonte oferecido pelo cabresto.

Veja. Banalizada foi até mesmo a loucura, o vício. Quem cheira uma carreira, acende um baseado ou se afoga em álcool pelo simples prazer? Pelo dom da viagem? Por crença espiritual? Bobagem. Hoje, a loucura é sintética. Transformada em pílulas, carregadas por herdeiros mimados e “carentes” em suas artificiais “baladas”. Sinônimo de diversão.

Pra quem?

Não sabem se estão se divertindo. Humilham-se, rebolam, pintam e bordam pela necessidade de inclusão nos padrões xucros criados por reles publicitários, roteiristas e diretores. Padrões esses, abraçados pela juventude mais vazia e abstrata de toda a existência.

Ídolos, exemplos?

Bem... Esses por sua vez vestem marcas que exploram o trabalho escravo e infantil em países que não aparecem estampados em seu comercial. Muito menos em seu mapa-múndi. Esses por sua vez modificam seu corpo em busca da perfeição delimitada e apontada por quem? Esses por sua vez transam com o maior número de seres possíveis. Esses por sua vez usam diamantes financiados pela guerra civil que mata milhares no continente Africano.

“Esses” quem?

Quem você quer ser quando crescer?

Com sorte, será alguém que no íntimo do seu inconsciente enxergue num lampejo, que é oriundo de uma prole sem causa, sem guerra, sem questionamento, sem vontade, sem prazer, sem loucura, sem sensatez. Sem nada!

E como a ignorância alimenta!

O vazio!

domingo, 2 de novembro de 2008

Primeira linha. Eu voltei.

Cansado fisicamente, ocioso psiquíca e emocionalmente.

Já faz algum tempo em que não paro para digitar sentimentos que me assolam e habitam meu interior. Tenho escrito somente textos técnicos com suas infinitas e absurdas normas, que me privam da liberdade da escrita. E que prazeroso é discorrer da minha maneira. Sem padrão, regra ou qualquer outro aspecto que possa me limitar. Eu sou cada palavra.

Depois do desabafo, voltemos. Nesse período de ausência sinto que pouca - sendo otimista - coisa mudou. Ou, quem sabe, tenha mudado tão depressa que eu mal me dei conta.

Refém do maldito relógio. Nenhuma surpresa.

Foi uma sessão longa, tenebrosa e acima de tudo: dolorosa. As coisas estão se encaixando, de maneira instável e ligeiramente confusas. Como de costume. Confesso que perdi o jeito com as palavras enquanto elas me esperavam por meses a fio. Está complicado encaixar os termos da maneira empírica que eu costumava fazer. Um sinal de que de fato, alguma coisa mudou em velocidade assombrosa.

Passei por experiências e testes mentais que me fortaleceram e me fizeram enxergar o que realmente importa, na minha concepção, obviamente. Essas batalhas me ajudaram a separar o joio do trigo, arduamente. Temo ter envelhecido algumas décadas em certos meses. O tempo é impiedoso.

Hoje, algumas pessoas que outrora tinham certa relevância na minha existência não fazem sequer parte do meu cenário cotidiano. Muitos por escolha de quem vos escreve, alguns por peso das atuais circunstâncias. Em contrapartida, para suprir essas "ausências" novas faces fazem parte do meu dia-a-dia, e a regra anterior serve também para elas.

Dizer se isso é bom ou ruim é se preciptar em meio a adequação de uma nova estrutura. Estrutura essa, montada através do alicerce antigo que não sucumbiu - e nem irá. Maus hábitos ficaram para trás formando a pilha de entulhos que se faz presente em toda obra. Não é fácil contudo, enterrá-los rapidamente. É preciso cautela e sapiência para que eles afundem e não retornem nem com a erosão do solo.

Tenho aprendido, mesmo que de maneira subjetiva/sublimar, ao meu ver. E isso fica claro nos dejà-vus que me defrontam em diversas, inúmeras e constantes ocasiões. O que passou, o que passa e o que passará. Clichê, mas com encaixe cirúrgico nessa feita. Ainda assim pratico da incoerência. Cometo erros que usualmente cometia, por vaidade e orgulho. Um ponto a ser observado mais atentamente nessa reforma.

Minha visão - queira entender também como uma parte do meu alicerce, para mantermos a coesão - sobre o mundo e quem o povoa, habita e destrói porém, não mudou em um caractere sequer. E algumas coisas ainda me enojam. Já é comum. Tão comum como a futilidade e busca de uma identidade vazia para cada indíviduo. Sim, quem tem o poder necessita de mentes vazias para entúpi-las de ideais egoístas e singulares. Os dejetos vem de todos os lados e formas através da grotesca e sufocante Indústria Cultural. Impercepítivel para quem trabalha em função dela. Cegos e "felizes" operários.

Falando nisso, Outubro passado foi o mês das eleições municipais. Época que traz à tona preconceitos estúpidos(perdão pela redundância) que não se absterão tão cedo do que nos foi imposto há décadas. Criamos uma nação analfabeta politicamente falando. Eu rio tristonhamente, pois a classe pobre odeia a si própria e expurga gritos contra seus pseudo-representantes. Do outro lado, o rico adota o mesmo discurso(como não poderia ser diferente)! Serei claro sem citar qualquer partido político: não existe mais movimento esquerdista no Brasil. Então "democratas" comemorem comendo chuchu, que tem o mesmo gosto de seus intelectuais candidatos.

Não deveria existir divisão social. Mas sem ela como sobreviveríamos sem iPhone, Chandon, Daslu, Gisele Bundchen, Audi e Big Brother?

Não gostaria de ter chego a esse estágio, mas ele se faz necessário se estamos falando de mim. E eu precisava vomitar isso em algum espaço. E isso me tirou o tesão.

Derradeira linha.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Análise da Mensagem - RALP




Na peça em questão o anunciante – SESC SP Consolação – se vale das linguagens verbais e não-verbais para atingir seu público-alvo, através da mídia impressa, canal esse, que agrega durabilidade e credibilidade à mensagem.

O público em questão é aquele que possui intelectualmente maior capacidade de discernimento e interesse pela arte, especificamente tratando, o teatro, e o seu gênero mais antigo: a comédia. Por isso também a escolha pelo material impresso: o target não é tão popular a ponto de se massificar o anúncio em mídias de grande impacto, como a televisão, por exemplo.

Os códigos verbais da mensagem podem ser observados nos títulos, nomes de diretores, autores, e do espetáculo em si, permitindo fácil compreensão aos amantes dos palcos. Não-verbalmente é fácil notar ao fundo da frente do anúncio a máscara do riso, característica da comédia no teatro, bem como o número 7 utilizado intencionalmente por se tratar da sétima edição do evento e pela presença de 7 autores e 7 diretores em um único ciclo. A intenção do emissor é trazer à tona a tradicionalidade de obras consagradas para uma linguagem moderna em seu conteúdo, utilizando formas de expressão claras como seu logotipo e o horário, local e data do espetáculo.

Para a eficiência na comunicação são utilizados ainda os signos através dos símbolos: máscara de riso e nomes de 7 grandes autores de peças teatrais. Aprofundando, a máscara remete ao riso inteligente e sofisticado da comédia teatral, empregando semelhança entre o signo(máscara) e seu referente(comédia); aliado ao indicial de que os espetáculos apresentados são já reconhecidos como grandes obras, garantindo implicitamente, a satisfação do público. Informações que ficam talhadas no pressuposto desde que a mensagem seja recebida por seu público específico. Se ela for absorvida por um leigo “teatralmente” falando, as mesmas informações ficam subentendidas.

Lembrando ainda que as funções utilizadas na comunicação passam desde a referência de uma situação(risos), até a poética, pelo apelo estético apresentada no flyer.

Angélica Deganello
Cibele Palacio
Felipe Spada
Felipe Mascarenhas
Gabriela Bandeira
Thiago Gentil
Sabrina Moreira


Comunicação Mercadológica – Segundo Semestre Noturno

terça-feira, 17 de junho de 2008

Universo Privativo

Longe de tudo. Diferente e complexo. Distante da diversão. Paralelo às celebrações e comemorações. Sem motivo para estourar champanhe, para viajar, para curtir a "balada", para sorrir cega e friamente em fotografias, para ter centenas de amigos, para ouvir a música da moda, para vestir os trajes da estação, para cortejar as mais fúteis vagabundas não-registradas na CLT.

Não.

Aqui o espaço é pequeno. Os passos são calculados apesar de incertos. Aqui, as fotografias estão no lado direito do cérebro. Aqui, entram apenas irmãos. Aqui, bebe-se por prazer. Aqui, respira-se e transpira-se a mais pura realidade. Aqui, a dor é o conflito. A dúvida é esperança. Aqui, vê-se alma e espírito. Aqui, as batidas são pesadas, o compasso lento, a melodia triste, a letra intensa. Aqui, preza-se a lealdade.

Sim.

Compartilhamos o mesmo mundo. Diferentes são os sentidos, os trejeitos, preocupações, ideais e responsabilidades. Ossos do ofício. Mas pergunte-se: "Que maldito ofício"? Meu ofício... Relatar as feridas da minha fragmentalidade. A cura? Não tenho. Espalho palavras como um grito de socorro que ecoam no vazio da imensidão. Sem retorno.

Não.

Conectado ao sistema mais desconexo já existente. Sociedade. Valores e costumes. Tradição... Se esvaíram pra qual dos milhares buracos? Jazem em quais das imensuráveis lápides? Sepultamento coletivo. Sepultamento vazio. Não obstante ao caos que circunda ilhas de prazer efêmero. Dorme-se num quarto com paredes altas, sem janelas. Mas ainda assim ouve-se as lágrimas caindo do céu, e aliadas ao sopro da desigualdade se tornarão um furacão. Forte o bastante para espalhar peles de cordeiro, e revelar os lobos...

Sim.

Contexto do meu universo privativo. Máscara da imbecilidade popular. Arrogância? Talvez. Loucura? Possivelmente. Mas, lembre-se... Aqui, você é voyeur. Voyeur de sua própria ignorância. Abstinência cultural, banquete mainstriníaco. Não fará diferença. Um clique e retornarás ao seu mundo... Lembre-se apenas de se desconectar. Se for possível.

Imagem: M.C. Escher - Hell

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ainda estou aqui. Minha mente gira de maneira tão veloz que mal consigo distinguir as cores no espaço. Pouca coisa mudou. Diferente só a folha do calendário.

Embriagado na relatividade. Temeroso em relação ao tempo. Os fatos que me ocorrem devem servir para alguma coisa... Ou não. A gelada precisão dos ponteiros me assombra. Quantas voltas até que eu aprenda?

Me vem à tona uma cena fantástica que acompanhei enquanto flertava com o controle remoto. O filme pouco importa, é irrelevante no momento, mas uma pequena fábula apresentada por um dos personagens resume espantosamente bem, a confusão que toma conta de mim.

Durante a Idade Média, em um pequeno vilarejo de camponeses, habitava um senhor pobre que de bem "material" possuía apenas um cavalo. Em uma sórdida manhã, ele se levanta, vai até o estábulo e nota que o animal saíra em fuga. A vizinhança sente pena do velho: "Como a vida é injusta... Seu único bem se foi... Que desgraçado é o senhor". Ele tranquilamente, respondeu: "Talvez sim... Talvez não".

Dois dias se passam, o cavalo retorna trazendo consigo 20 éguas. "Que sortudo o senhor! Está rico! És abençoado!". Com a mesma calma e compostura, replicou: "Talvez sim... Talvez não".

Uma semana depois, seu único filho caí do mesmo cavalo num passeio infeliz. E fica aleijado. "Como a vida é injusta... Seu filho está praticamente morto. Que desgraçado é o senhor!". O velho homem diz: "Talvez sim... Talvez não."

No dia seguinte, uma guerra estoura contra uma vila vizinha. Todos os moradores mandam seus filhos para o combate. Incapacitado o jovem paraplégico fica. "Que sortudo é o senhor! Todos perdemos nossos filhos, menos você! És abençoado!".

"Talvez sim... Talvez não".

Cedo para entregar os pontos. Sem dúvida. A sabedoria me parece um dom. Mas, quem sabe seja uma habilidade a ser desenvolvida. Reconfortante. Uma vasta gama de desejos, ambições, traumas e perdas estão atreladas a mim. Necessário apenas é, descobrir quando dar ou recolher corda à cada uma delas.

Escolhas e chances. Esses são os ingredientes substanciais da vida. Armazenar ciência para acertar nas emaranhadas escolhas. E chances para recuperação nos derradeiros erros.



Talvez sim... Talvez não.

domingo, 27 de abril de 2008

DJ Pooh feat. Kam, Charlie Wilson & Roger Troutman - No Idea

[ Charlie Wilson ]
Você não faz idéia
[ Roger Troutman ]
(Você não faz idéia)
[ Charlie Wilson ]
Do que estou pensando
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
(Você não faz idéia)

[ VERSO 1: KAM ]
Quanto mais eu terei de aguentar?
Eu estou totalmente só num mundo enlouquecedor
Irmãos indo mal
Eu tinha sonhos e esperanças, mas parecia que ninguém se importava
Quem diz que a vida é justa? Porquê não existe justiça em nenhum lugar
Eu me preparo pra enfrentar o tribunal bem aqui nas ruas
Não chega em mim sem "b.s." mano, me dá espaço
Eu não posso dormir, ter paz e silêncio, ou repousar
Eu tenho úlceras, enxaquecas e dores no meu peito
Então que Deus abençõe minha alma, eu me sinto velho quando não sou
Mas física e mentalmente eu estou envelhecendo muito
Eu sei que meu tempo nesse grande balão azul é curto
Me estresso e rezo todos os dias enquanto pessoas praticam esporte
Me preocupo doentiamente, então eu tento me manter ativo
Mas a morte está me parecendo cada vez mais atrativa
Senhor tenha piedade. Porquê eu? eu sei que Você não comete erros
Mas olhe para o que os irmãos aqui embaixo estão fazendo por Sua causa

[ Charlie Wilson ]
Você não faz idéia
[ Roger Troutman ]
(Você não faz idéia)
[ Charlie Wilson ]
Do que estou pensando
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
(Você não faz idéia)

[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
Encarar desafios e aflições
[ Roger Troutman ]
(Tanto estresse, desafios e aflições)
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
mas você não desiste

[ Charlie Wilson ]
É tão ruim isso aqui
Os jovens matando os jovens
Isso é horrível, me deixa triste
Você não suspeita
Você não têm idéia

[ Charlie Wilson ]
Você não faz idéia
[ Roger Troutman ]
(Você não faz idéia)
[ Charlie Wilson ]
Do que estou pensando
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
(Você não faz idéia)

[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
Não há justiça para ninguém
[ Roger Troutman ]
(Não há justiça para ninguém)
(Você não sabe que isso está me deixando louco)

[ Charlie Wilson/Roger Troutman ]
Você não faz idéia do que estou pensando

[ VERSO 2: KAM ]
Não pense que eu sou feliz neggo, só porquê você me vê fazendo dinheiro
Mas sinceramente o estresse faz minha cabeça girar
E eu só estou tentando ser gentil, eu tive uma noite terrível
Não quero ver amigos até eu chegar a uma conclusão
Eu tenho problemas o suficiente, e isso está destruindo minha saúde
Eu continuo colocando minha família e amigos em primeiro lugar
Quando eu sou o único que precisa de ajuda, mas tenho muito orgulho pra pedir por isso
Quando houver alguma coisa errada comigo, vocês serão os últimos a saberem
Pois eu não mostro isso, eu guardo e sofro sozinho
A paciência é uma mãe
Desafios e aflições, é assim que começam minhas lições
Sou sobrepujado pela morte e pelas impressões dos homens
Eu estou tentando superar esses obstáculos que me deparam
Com esposa, filhos, trabalho, religião e meus parceiros nas ruas
Eu cresci de maneira muito rápida, sinto-me numa armadilha
E eu simplesmente estou pronto pra atirar

[ Charlie Wilson ]
Você não faz idéia
[ Roger Troutman ]
(Você não faz idéia)
[ Charlie Wilson ]
Do que estou pensando
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
(Você não faz idéia)

[ Roger Troutman ]
(Eu não consigo encontrar meu fim)

[ Charlie Wilson ]
O que podemos fazer?
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
(O que podemos fazer?)
[ Roger Troutman ]
(O que podemos fazer?)

[ Roger Troutman ]
(Bêbes adolescentes)
[ Yolanda Harris/Shirley Murdoch ]
(Bêbes adolescentes)
[ Charlie Wilson ]
Fazendo bêbes
[ Roger Troutman ]
(Ajuda do governo, yeah, yeah,)
[ Charlie Wilson ]
Não recebi nenhum cheque

[ Charlie Wilson/Roger Troutman ]
Você não faz idéia do que estou pensando
[ Roger Troutman ]
(Profundamente no meu coração)

Réplica
Ninguém pode sentir sua dor. Verdade. Mas em alguns casos, alguém pode descrevê-la de maneira precisa. E num embate a reflexão assola sua mente, você se vê de frente com um espelho e percebe que apesar de se sentir só num universo fútil, falso e hipócrita alguém transformou dor e desesperança em arte.

Você não faz idéia.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Diamante de Sangue



Ficha Técnica

Título: Diamante de Sangue

Título Original: Blood Diamond

Gênero: Drama

País/Ano: EUA/2006

Diretor: Edward Zwick

Produção: Edward Zwick, Paula Weinstein, Darrell Roodt, Graham King, Marshall Herskovitz

Roteiro: Charles Leavitt, C. Gaby Mitchell

Estúdio: Warner Bros.

Distribuição: Warner Home Vídeo

Duração: 138 min

Data Cinema: 05/01/2007

Elenco: Jennifer Connelly, Leonardo DiCaprio, Stephen Collins, Benu Mabhena, Ntare Mwine, Djimon Hounsou, David Harewood

Sinopse: No país africano Serra Leoa, na década de 90, o filme acompanha a história de Danny Archer (Leonardo DiCaprio), um mercenário sul-africano, e o pescador Solomon Vandy (Djimon Hounsou). Apesar de terem nascido no mesmo continente, têm histórias completamente diferentes, mas seus destinos são unidos por conta da busca por um raro diamante cor-de-rosa. Com a ajuda de Maddy Bowen (Jennifer Connelly), uma jornalista norte-americana, eles embarcam numa perigosa jornada em meio ao instável território.


Ponderações

O longa Diamante de Sangue aborda importantes segmentos que transformaram o mundo através dos conceitos neo-liberalistas.

Esses ficam por muito, encobertos pela temática Hollywoodiana, que sempre se vale de rostos conhecidos, explosões, paixões, heróis e obviamente o arrebatador triunfo norte-americano.

Apesar disso, é uma boa pedida. Excelentes atuações e ótima fotografia dão o tom.

Falarei nessa feita sobre alguns pontos sócio/político/ecônomicos/históricos apontados pela película de maneira exemplar:

Desemprego Estrutural

No caso referido ficam claros os problemas de desemprego estrutural sofridos na África. Por se tratar de um continente altamente explorado e possuir diversas riquezas naturais(marfim, ouro, petróleo, diamantes) a economia sofre com a instabilidade, afetando diretamente o emprego da mão-de-obra para o trabalho de mineração e extração desses recursos. O mau-uso na captação e no retorno dos lucros com a exportação traz uma evidente e assustadora desigualdade. Por outro lado, frentes revolucionárias nacionalistas tentam da sua maneira, lutar se valendo também, de seus valores e interesses particulares. Gera-se então, uma disputa de interesses entre governo e rebeldes. O “cidadão-comum” fica entre o fogo cruzado da guerra civil.


Globalização da Economia

Um dos fatores cruciais que levam à desigualdade social. Na África, o Estado têm seu poder reduzido, ou quase extinto. As fronteiras praticamente já não existem levando diamantes ilegais de Serra Leoa à Libéria, onde ali através de manobras “financeiras” se tornam legais e são enviados para a Europa, onde podem ser vendidos de maneira limpa. Nesse processo os diamantes por hora são escondidos a fim de manter os altos preços para venda e consumo e ampliar o mercado e seus concorrentes. É um processo excludente e que marginaliza. A exploração é feita na África onde a mão-de-obra é barata ou escrava, o transporte livre entre os continentes, a avaliação das pedras na Europa e a venda como produto final na América, principal consumidor de diamantes. O setor é controlado por um pequeno grupo que reinveste dentro de seu próprio segmento, concentrando e centralizando o mesmo através de outros grupos que não resistem à concorrência.


Dimensão Tecnológica

O conceito de dimensão tecnológica é aplicado pelos rebeldes da FRU no treinamento de soldados-mirins. São torturados psicologicamente, educados e instruídos a lutar só e somente pela causa extremista; aprendem a usar armamento pesado de maneira crua, isentando a responsabilidade dos mesmos sobre os riscos que causam a terceiros e a si próprios.


G-8

O grupo dos países mais ricos do mundo tem participação passiva no que diz respeito ao comércio ilegal de diamantes. Visto que os EUA são o maior consumidor de diamantes do mundo não seria inteligente ou lucrativo interferir de maneira ativa na prosperidade do negócio. Apenas quando os fatos são escancarados na mídia, e a participação de grandes investidores desmascaradas é tomada uma medida contra o comércio dos diamantes de sangue.

Desnível de Nações e Tensões Políticas

Evidentemente o lado mais explorado pelo longa. É notável a diferença grotesca entre países Africanos, Europeus e os EUA principalmente. Enquanto milhares morrem numa disputa política/econômica pelo controle do comércio ilegal de diamantes, do outro lado do mundo o consumismo impera de maneira ostensiva. A conseqüência gira em torno de um país quase desabrigado por completo, guerra-civil, soldados-mirins e exploração do meio-ambiente. É necessário observar também os objetivos e modo de vida dos Africanos. Pescadores e agricultores vivem de maneira quase que precária em aldeias, as poucas crianças que tem a oportunidade de estudo, caminham quilômetros para chegar à escola, e sofrem violência psicológica gerada pelos conflitos sociais. Por outro lado, a guerra tem pouco valor para o “resto do mundo” se o mercado for abastecido com os diamantes. Os políticos fazem “vista-grossa” desde que seus interesses sejam alcançados. Notam-se principalmente as manobras corruptas do exército sul-africano, que vende armas para rebeldes de Serra Leoa, e mais tarde os combate pela parte “limpa” da política.