Ainda estou aqui. Minha mente gira de maneira tão veloz que mal consigo distinguir as cores no espaço. Pouca coisa mudou. Diferente só a folha do calendário.
Embriagado na relatividade. Temeroso em relação ao tempo. Os fatos que me ocorrem devem servir para alguma coisa... Ou não. A gelada precisão dos ponteiros me assombra. Quantas voltas até que eu aprenda?
Me vem à tona uma cena fantástica que acompanhei enquanto flertava com o controle remoto. O filme pouco importa, é irrelevante no momento, mas uma pequena fábula apresentada por um dos personagens resume espantosamente bem, a confusão que toma conta de mim.
Durante a Idade Média, em um pequeno vilarejo de camponeses, habitava um senhor pobre que de bem "material" possuía apenas um cavalo. Em uma sórdida manhã, ele se levanta, vai até o estábulo e nota que o animal saíra em fuga. A vizinhança sente pena do velho: "Como a vida é injusta... Seu único bem se foi... Que desgraçado é o senhor". Ele tranquilamente, respondeu: "Talvez sim... Talvez não".
Dois dias se passam, o cavalo retorna trazendo consigo 20 éguas. "Que sortudo o senhor! Está rico! És abençoado!". Com a mesma calma e compostura, replicou: "Talvez sim... Talvez não".
Uma semana depois, seu único filho caí do mesmo cavalo num passeio infeliz. E fica aleijado. "Como a vida é injusta... Seu filho está praticamente morto. Que desgraçado é o senhor!". O velho homem diz: "Talvez sim... Talvez não."
No dia seguinte, uma guerra estoura contra uma vila vizinha. Todos os moradores mandam seus filhos para o combate. Incapacitado o jovem paraplégico fica. "Que sortudo é o senhor! Todos perdemos nossos filhos, menos você! És abençoado!".
"Talvez sim... Talvez não".
Cedo para entregar os pontos. Sem dúvida. A sabedoria me parece um dom. Mas, quem sabe seja uma habilidade a ser desenvolvida. Reconfortante. Uma vasta gama de desejos, ambições, traumas e perdas estão atreladas a mim. Necessário apenas é, descobrir quando dar ou recolher corda à cada uma delas.
Escolhas e chances. Esses são os ingredientes substanciais da vida. Armazenar ciência para acertar nas emaranhadas escolhas. E chances para recuperação nos derradeiros erros.
Talvez sim... Talvez não.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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